Registro inventarial: inv. n. 17
O desenho traz uma inscrição autógrafa de Michelangelo, cujo sentido não é dado saber. Joannides lê aí: “Amis ami sarebbe”
A figura mais importante dentre os esboços que se distribuem livremente pelo fólio é o estudo de um cavaleiro que parece ter acabado de arremessar uma lança, projetando seu braço e torso para a frente em acentuado contraste com seu cavalo que, freado bruscamente, empina e volta a cabeça para trás.
A energia do gesto de arremesso da lança permite supor que ela atravessasse uma grande extensão do espaço e induz a pensar que Michelangelo pode ter concebido uma batalha de grandes dimensões espaciais.
É possível efetivamente que ele entendesse conferir certa ressonância cênica à batalha de cavalaria, reservando-lhe no conjunto da composição uma amplitude talvez mais importante que a de fundo do grupo dos Banhistas, como em geral se presume. Seria mais explícita se assim for, a intenção de emulação com Leonardo da Vinci, cujo afresco da Batalha de Anghiari centrava-se, como se sabe, na luta entre quatro cavaleiros pelo estandarte*.
Sensível à descoberta da pintura chinesa e ao esteticismo de sua geração, àquela associada, Berenson compara a figura com os cavaleiros do período Sung: How much the ´Tartar Rider´ dear to Sung painters!.
O desenho foi copiado por Andrea Commodi por volta de 1580 em um fólio hoje nos Uffizi, inv. 18620F
Luiz Marques
02/02/2011
Bibliografia
1903-1938 – B. Berenson, The Drawings of the Florentine Painters. 3 vol. Chicago, vol. 3, 1938, n. 1557.
2007 – P. Joannides, The Drawings of Michelangelo and his Followers in the Ashmolean Museum. Cambridge University Press, p. 81