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O quadro tem por fonte textual Ovídio, Metamorfoses, IV, 630-662. Ele representa o enfrentamento entre Perseu e o titânida Atlas, rei de Hespéria, transformado pelo herói em pedra. Ao saber de Perseu que este era filho de Júpiter, Atlas recorda-se de um velho oráculo de Têmis pronunciado no Párnaso, segundo o qual um filho de Júpiter despojaria sua árvore de seus frutos de ouro, profecia que Hércules, outro filho de Júpiter, realizaria, malgrado o dragão que Atlas havia postado aos pés de sua árvore sagrada.
Atlas recusa a Perseu sua hospitalidade e pretende obrigá-lo pela força a deixar seu país. Indignado, Perseu mostra-lhe a cabeça horrenda de Medusa:
At quoniam parui tibi gratia nostra est, / Accipe munus
“Mas, pois que te parece tão pouca coisa nossa amizade, recebe isto em recompensa”
Ao mirá-la, Atlas deixa cair a espada e recua, desviando a cabeça, em um esforço extremo de se subtrair à petrificação, mas é transformado em uma montanha e sua barba e seus cabelos tornam-se em florestas.
A cena de combate noturno iluminada por reflexos lunares insere-se no gênero do comentário simbolista da mitologia e o caráter fortemente michelangiano dos dois combatentes é típico de certa declinação das correntes simbolistas de finais do século XIX.
Artista bávaro multifacético, muito apreciado como retratista e ilustrador, além de notório por sua predileção por temas mitológicos, sobretudo em registro paródico, cômico e erótico, Franz von Stuck (1863-1928) era suficientemente prestigioso no eixo Munique-Veneza para contar com uma sala a ele especialmente dedicada na VIII Esposizione Internazionale d´Arte della Città di Venezia, de 1909, onde este quadro foi exposto.
Luiz Marques
18/06/2011
Bibliografia
1995 – A. Tiddia, in M. Masau Dan, G. Pavanello, Arte d´Europa tra due secoli: 1895-1914. Trieste, Venezia e la Biennale. Catálogo da exposição, Trieste, Museo Revoltella, p. 226