Registro inventarial: Rogers Fund, 1914 (14.130.1)
A estátua, encontrada em Rodes, onde se pensa tenha sido
executada, foi em geral identificada com um dos dois netos
de Augusto, filhos de Marco Vipsiano Agrippa e de sua filha,
Júlia Maior: Gaio Júlio César (20 a.C. – 4 d.C.) ou Lúcio
Júlio César (17 a.C. – 2. d.C.).
O primogênito de Júlia foi adotado por Augusto em 17 a.C. e
educado em Rodes por preceptores gregos, sendo em seguida
claramente designado pelo avô como seu sucessor. Em 1 a.C.,
este lhe confiou uma missão no Oriente e seu consulado teve
início em 1 d. C., quando ainda se encontrava na Síria.
Ferido em uma batalha contra os Partas, Gaio morre na Lícia,
em sua viagem de retorno a Roma.
Lúcio Júlio César (17 a.C. – 2. d.C.), segundogênito de
Agrippa e de Júlia Maior, foi igualmente adotado por Augusto
e também enviado a Rodes para receber sua educação. Sua
carreira é prematuramente interrompida pela morte em
Marselha, a caminho da Espanha.
Tais identificações permanecem, contudo, apenas hipotéticas
e em seu estudo monográfico sobre os retratos dos dois
irmãos, John Pollini (1987) não inclui esta estátua. Com
efeito, suas semelhanças com outros retratos deles, tal como
o Lúcio César do Museu de Corinto, não são conclusivas, haja
vista o alto grau de idealização da retratística juliana.
O estado de conservação da escultura é excelente, malgrado
as partes faltantes, como sublinham Götz Lahusen e Edilberto
Formigli. Particularmente gracioso é o pallium
endossado pelo menino, que devia segurar em sua mão esquerda
um prato de oferenda e talvez, como sugere Mertens, um ramo
na outra mão.
Luiz Marques
24/01/2012
Bibliografia:
1987 – J. R. Mertens, Greece and Rome. The
Metropolitan Museum of New York. New York, p. 101.
1987 – J. Pollini, The portraiture of Gaius and Lucius
Caesar. Fordham University Press.
2001 – G. Lahusen, E. Formigli, Römische Bildnisse aus
Bronze. Kunst und Technik. Munique: Hirmer Verlag, pp. 83-
84.