A figura representa Louis, le Pieux ou le Débonnaire (778/814 – 840), filho e sucessor de Carlos Magno. Ela ilustra o fólio 4v. do De Laudibus Sancta Crucis de Raban Maur (776-856).
Trata-se do primeiro exemplo de um texto do assim chamado “renascimento carolíngio” ornado de iluminuras, e o primeiro retrato de um imperador carolíngio em um livro.
A postura do imperador é tardo antiga e remete às estátuas colossais de Constantino ou à colossal estátua brônzea de mais de cinco metros de altura de um imperador* não identificado encontrada no mar, perto do porto de Barletta (Apúlia) em 1309 e hoje conservada em Barletta, diante da igreja do Santo Sepulcro.
Tardo-antiga é também, nesta iluminura, a prática dos carmina figurata (poesias figuradas), muito apreciada desde ao menos Optatianus Porphyrius, poeta da corte de Constantino. Aqui, por exemplo, as palavras formadas pelas letras da auréola do imperador formam:
Ludovicum Christe coronatur
(Ludovico coroado por Cristo)
e as que se inserem na cruz dizem:
“A Vitória e a Salvação verdadeiras do Rei estão justamente contidas em Tua Cruz, Cristo”
Luiz Marques
04/07/2010
Bibliografia
1977 – F. Mütherich, J. E. Gaehde, Peinture carolingienne, New York, George Braziller