“A litografia foi realizada para ilustrar o livro “”Brasil Pitoresco””, de Charles Ribeyrolles e Victor Frond, publicado entre 1859 e 1861. As fotografias utilizadas como base para as litografias foram realizadas na Maison Lemercier, em Paris. O livro tornou-se mais conhecido pelas ilustrações do que pelo texto de Ribeyrolles. O texto foi publicado em 1859, pela Tipografia Nacional, em uma edição em duas colunas, em francês e em português. As litografias foram distribuídas entre 1860 e 1861, e podem ser destacados os retratos da família imperial, os panoramas do Rio de Janeiro, as vistas da floresta, da capital e das cidades do interior fluminense e, em especial, o registro do trabalho escravo nas fazendas de café. Essas litografias dialogam com imagens do Brasil realizadas por artistas e viajantes e ainda com a arte internacional do período.
O panorama é uma forma de representação que expressa o desejo do artista de abarcar o mundo circundante em uma visão para além dos limites da pintura de paisagem tradicional. Os seis primeiros clichês do livro “”Brasil Pitoresco””, que apresentam panoramas da baía do Rio de Janeiro foram feitos, como outros registros de época, do meio da baía, destacando fortificações, igrejas e conventos.
Um dado interessante é que esses panoramas circularam de maneira independente, e foram vistos separadamente, como quadros, de acordo com a crítica da época. Como observa Ligya Segala, “”o panorama da baía revela-se, na crônica de Ribeyrolles, por uma sutil combinação de sua observação direta e da descrição comentada das imagens feitas por Frond. Esse olhar híbrido, textualmente construído, percorre em círculos a paisagem, seguindo a série de enquadramentos fotográficos””.
Maria Antonia Couto da Silva
25/04/2010
Bibliografia:
RIBEYROLLES, Charles. Brasil Pitoresco. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980
SEGALA, Lygia. Ensaio das luzes sobre um Brasil Pitoresco: o projeto fotográfico de Victor Frond. 1998. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 196.
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