A fotografia mostra a Rua Vieille-Notre-Dame, próxima à Rua
Monge-La Bièvre, em Paris. Marville explorou o contraste
entre a grande luminosidade da área ensolarada da rua e os
edifícios documentados em semi-penumbra.
Por volta de 1865, o fotógrafo foi contratado pela Comissão
dos Trabalhos Históricos, encarregada de elaborar uma
história geral de Paris, para realizar vistas das antigas
ruas da cidade, prestes a serem destruídas dentro do plano
de reurbanização, que ocorreu até 1870.
Posteriormente, as fotografias das ruas desaparecidas e
daquelas que as substituíram foram apresentadas na Exposição
Universal ocorrida em Paris, em 1878.
Como nota a pesquisadora Marie de Thézi, o objetivo da
administração municipal não era mostrar a estética urbana
anterior a Haussmann, mas valorizar a obra do prefeito de
Napoleão III, pelo confronto entre o antigo e o novo.
O fotógrafo, entretanto, enfatizou o aspecto nostálgico
dessas ruas, em grande parte desaparecidas, revelando
detalhes da decoração das fachadas e cenas da vida
cotidiana. A posição rebaixada do aparelho fotográfico
destacou o relevo e a textura dos pavimentos, enquanto as
fachadas, fotografadas em contre-plongée (de baixo para
cima), adquiriram um aspecto imponente.
Marville atuou como gravador e fotógrafo documentando,
principalmente, a cidade de Paris e seus arredores, os
monumentos, igrejas e palácios, e também as pontes e margens
do Sena.
Maria Antonia Couto da Silva
15/08/2010
Bibliografia
THÉZI, Marie de. Charles Marville (1816-1878?). Paris:
Centre National de la Photographie, 1996.