O aqueduto da Carioca, conhecido também como Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, foi amplamente documentado por viajantes e artistas durante o século XIX. Obras de mesmo tema, um pouco anteriores à fotografia de Leuzinger, são uma pintura de Agostinho da Motta (s.d., Col. Brasiliana) e uma litografia a partir de fotografia de Victor Frond*, realizada para o álbum “Brasil Pitoresco” (1858-1861). Motta pintou uma paisagem de caráter mais tradicional, uma vista emoldurada pela vegetação na qual o espectador observa o aqueduto situado em um plano intermediário, e o mar e as montanhas no plano de fundo. O pintor escolheu um ponto de vista panorâmico, mais distanciado, enfatizando a integração da arquitetura na natureza fluminense, e procurando ainda representar a especificidade da vegetação local. Já na litografia realizada a partir da fotografia de Victor Frond a visão do aqueduto é muito aproximada aos olhos do espectador. O ângulo fotográfico escolhido por Frond é inusitado, em relação às representações tradicionais do Arcos da Lapa realizadas pelos viajantes. O trabalho do litógrafo possivelmente enfatizou a geometria das construções.
Na fotografia de Leuzinger, tirada em sentido oposto ao utilizado por Frond, o espectador distingue a regularidade das formas do aqueduto quase no plano de fundo. A partir do primeiro plano o olhar percorre a seqüência de formas irregulares das árvores, quintais e telhados das casas do bairro da Lapa, acima das quais se distingue o aqueduto. Leuzinger, devido ao ponto de vista empregado, enfatiza as linhas diagonais, tanto do muro à esquerda, como da linha do aqueduto, no plano de fundo, onde se percebe o perfil do Pão de Açúcar envolto em névoa.
Maria Antonia Couto da Silva
09/07/2010
Bibliografia
VASQUEZ, Pedro. Mestres da fotografia no Brasil. Rio de Janeiro, CCBB, 1995, p. 48.