Nesse quadro Presciliano Silva pintou o interior de uma residência modesta, na qual uma senhora costura, sentada próxima à janela.
O crítico Gonzaga Duque analisou a obra em artigo publicado postumamente no livro “Os Contemporâneos”:
“O seu quadro maior, não pelo tamanho, mas pelo apuro de acabamento, que é um interior bretão feito em Concarneau, revela qualidades apreciabilíssimas de observação, propriamente observação pinturesca, que se encontra na maneira atenta de tratar, parceladamente, os acessórios; e com tal facilidade de intuito se portou que conseguiu uma obra recomendável sob vários aspectos do seu valor: de perspectivas, densidade e forma.”
No trecho seguinte o crítico definiu características comuns a várias obras do artista:
“…É, como devem ser, os quadros de gênero, um conjunto de detalhes estimáveis. Assim, o lampião, os vasos com flores que se acham sobre a cômoda em que está o oratório, e este mesmo oratório, são de uma realidade sensível.”
O crítico carioca comentou que este tipo de quadro não era muito apreciado no ambiente brasileiro, e que ele lembrava “algumas cenas familiares de Van Ostade, episódios domésticos de Pieter de Hoech ou os bem feitos quadrinhos de Greuze, que Diderot elogiava…”.
Para Gonzaga Duque o quadro representa um retorno “ao gênero inegavelmente apreciável, além de ter, pela simplidade do assunto, o encanto da serena poesia doméstica.”
A paisagem e os habitantes de Concarneau, na Bretanha, foram representados em vários quadros de Presciliano Silva.
Maria Antonia Couto da Silva
10/03/2011
Bibliografia:
1929 – Gonzaga Duque-Estrada. Contemporâneos: pintores e esculptores. Rio de Janeiro: Benedicto de Souza, pp. 64-67.
1973 – C. P. Valladares. Presciliano Silva: um estudo biográfico e crítico. Rio de Janeiro: Fundação Conquista.